Tomei o ar que respira.
Entrei no salão
onde só cabia a nós dois
e o que não nos era
nos pertencia em plenitude.
Lá fora acompanhavam o funeral
e riam sem trégua do morto
que houvera sido um bom homem.
Aos que bebiam vinho
com o odor de formol
a adentrar nas narinas,
abri portas e janelas
sem as perguntas que Alice faria.
Ninguém quis passar através delas
à exceção de um homem
que não olhou para trás.
Deixou dolorido o presente
que um dia guardou egoísta
todas as melhores possibilidades.
Ele, por ser eu, terá uma morte risível.
E, por não ser mais eu,
acampará nas estrelas até lá.
Sozinho.
José Neto
Entrei no salão
onde só cabia a nós dois
e o que não nos era
nos pertencia em plenitude.
Lá fora acompanhavam o funeral
e riam sem trégua do morto
que houvera sido um bom homem.
Aos que bebiam vinho
com o odor de formol
a adentrar nas narinas,
abri portas e janelas
sem as perguntas que Alice faria.
Ninguém quis passar através delas
à exceção de um homem
que não olhou para trás.
Deixou dolorido o presente
que um dia guardou egoísta
todas as melhores possibilidades.
Ele, por ser eu, terá uma morte risível.
E, por não ser mais eu,
acampará nas estrelas até lá.
Sozinho.
José Neto